sexta-feira, 29 de junho de 2012

Azul com música, não sei dos detalhes

A iluminação azul do banheiro lhe fazia bem. 
Na verdade, qualquer iluminação realçaria sua beleza.

Concentrado, olhava pela brecha da porta.
Meio tonta da bebida, custava-me associar todos os detalhes da noite.
Sabe quando tudo acontece tão rápido que de repente já passou?
Foi um puta momento legal e é isso o que importa. 

Ele olhava para fora e eu olhava para ele. 
Não resisti e dei-lhe um beijo de despedida. 
Como quem diz: Adorei, não vamos repetir mais vezes! 

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Diálogo que certamente acontecerá

-Pois é, foi isso. Eu me estresso mesmo no trânsito e saio dando lição de moral nos erradinhos. 
-Você é muito exagerada. Fez esse drama todo sem o cara sequer ter batido, imagina se ele tivesse acertado seu carro?
-Se ele tivesse acertado, eu não teria apelado com ele... Eu só choraria. 

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Km/h

Enquanto eu tirava um racha com alguém que não sabia que estava competindo comigo lá pelas tantas da noite em plena Saída Sul, lembrei-me do filho da puta que enfiou o carro branco e lerdo na frente do meu me fazendo frear e instintivamente (apesar de nunca ter feito antes), ofuscar-lhe as vistas com um grosseiro farol alto. 
Por que as pessoas se enfiam nas frentes das outras. Frear corta toda a empolgação de sentir-se em Need for Speed!


Mas afinal, Ana, para que isso?
Na verdade, enquanto tirava o meu racha pessoal, eu estava mesmo era pensando que uma história deve sempre encaixar-se dentro de outra, de modo a apresentar-se em segundo plano, apesar de sua importância superior. 

quarta-feira, 20 de junho de 2012

23:02

-Mas por que você está ouvindo Rock uma hora dessas?

-Porque meu peito não consegue se acompanhar o ritmo de minha respiração. Tenho que agitar os ouvidos. 

sábado, 16 de junho de 2012

Descoberta

Sabe quando você tem aquele estralo na cabeça e passa a perceber tudo diferente? 


PUTZ, SEMPRE FOI ASSIM, POR QUE EU NÃO PERCEBI ANTES?


Justamente. Uma epifania acabou de acontecer enquanto eu apenas usava o banheiro. Bem, eu estou sempre sozinha. E algumas boas vezes eu fiquei mal por pensar nisso. Por achar que afastava pessoas ou que eu não era boa o bastante para relacionamentos. Mas a verdade é que eu ADORO ficar sozinha. Adoro montar minha rotina e segui-la. Eu gosto de organizar a minha vida, de ler os meus livros, ouvir minhas músicas e de ter um tempo só para mim. Por opção, do you know? Eu não gosto dos problemas alheios, não gosto de conviver com os defeitos alheios. Nem de detalhes demais sobre como foi a última festa. Por isso, depois de algum tempo, eu me afasto, como já fiz inúmeras vezes ao sentir que alguém estava gostando demais de mim. É natural. Quando você sai com uma pessoa para beber em um bar é ótimo! Tem um garçom te servindo, tem muita gente sorrindo, você não tem que limpar a bagunça depois e, é claro, a bebida tá fazendo sua parte. Mas quando você passa um dia com alguém embaixo do mesmo teto, aí você observa muita coisa que se omite no primeiro encontro. Sabe quando dizem que intimidade é uma merda? É mesmo! Não é como se eu não quisesse me envolver com ninguém, eu apenas me importo mais comigo. Então para que estragar o que é bom? Aquele sentimento de primeiro encontro sempre? Casualidade é aproveitar apenas o que há de bom. Não conhecer a pessoa por inteiro. Mas isso mantém aquela deliciosa sensação de mistério. 

quinta-feira, 7 de junho de 2012

"Experimentei a sensação de ser uma criatura viva num planeta vivo dentro de uma Via Lactea. Talvez já tivesse consciência disso antes, pois esse era um tema que já tinha sido abordado várias vezes dentro da educação que eu vinha recebendo. Mas aquela era a primeira vez que eu sentia aquilo tudo por mim mesmo. E aquele sentimento se instalou por cada célula do meu corpo."

~O Dia do Curinga

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Ordens


Decidiram que ela deveria nascer. 
E essa foi a primeira vez que obedeceu. 
Não sabia ainda que obedecer pudesse causar tanta dor
E obedeceu por toda uma vida como se dali viesse a ter uma grande recompensa.
Mas foi enganada e perdeu muitos de seus sonhos 
Mesmo quando seguir ordens alheias lhe custavam a respiração, ainda o fazia. 
Não merecia.
E depois de jurar muito mais de duas vezes que não podia mais suportar
Resolveu tomar a única decisão que seria inteiramente dela. 
Prendeu a respiração. Para sempre.