terça-feira, 28 de agosto de 2012

Família Feliz

Olá, como vais, querida? Como foi teu dia? Senta-te aqui, o jantar será servido em breve e poderemos conversar melhor. Interessa-me muito saber o que tens pensado e aprendido, quais dramas perturbam teu caridoso coração e conhecer teus sonhos, teus anseios. Quero-te perto. Quero ver-te confortável. Sente-te amada? Porque és. E nenhum esforço será poupado para desviar de ti todas as dúvidas acerca do amor que há abaixo deste teto. 

Ahh.. O drama da boa família, dos bons modos e da decência encontra o verdadeiro drama, da porta que se escancara e bate contra a parede e dos gritos cuja boca cospe palavras baixas e rudes. E a boca que apenas se cala. A parede tanto já socada pela mão que deveria ser doce e fina, mas que já expõe feridas e calos. Feridas são dores. São agonias que já não cabem em palavras. 
Imagináveis são os sentimentos familiares, e entre tantos, os que não se deveriam ser sentidos por serem tão cruéis, ou tão destruidores. Amor, dor, indiferença não, raiva. E sorriso de família feliz, porque a aparência importa, não é mesmo? 
Eu não to pedindo, eu to mandando. E se não fizer da forma que eu to dizendo, você vai perder os seus dentes em casa. Pouco me importa o que você pensa que seja importante. Seca essas lágrimas porque elas não me comovem nem um pouco. 
Eu não quero saber da sua vida.

Família apoia. Família se nega. 

sábado, 25 de agosto de 2012

Tucanos

A madrugada foi gelada e um tanto curta. O dia já estava clareando e alguns pássaros balançavam os galhos das árvores lá fora. E entre o barulho do vento, havia um canto desconhecido.
-Vem aqui na janela.
Tucanos! Dois tucanos vieram desejar bom dia. E voavam, e cantavam. E eram tão bonitos. 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Hoje eu folheei o documento que justificava a criação de Brasília, o qual era dirigido ao então presidente Juscelino Kubitschek. Eram folhas escritas apenas em um dos lados, em letras datilografadas em máquina de escrever, em tons que iam de amarelo queimado a marrom claro. Com grifos em caneta de tinta vermelha. 

Atração particular por história.

domingo, 12 de agosto de 2012

dos segredos de travesseiro

Quando você coloca a cabeça no travesseiro, já depois de assumir que perdeu essa luta e que não resta mais nada senão tentar se perder os pensamentos, quando sua mente ocupa mais que seu cérebro, ele ocupa todo o universo e acompanha seu caos. E a dor vem. Desgastante, castigando e machucando o ego. E essa dor é só sua. Ninguém para ver, ninguém para ajudar. É você. E está dentro de você. Aperta os olhos e dentre os infinitos pensamentos que sobrepõem-se... Pare de pensar! Estou enlouquecendo.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

sábado, 4 de agosto de 2012

Como Bárbara

Vão dizer que ela saiu para trabalhar e nunca mais voltou. Ela será assunto principal dentre família e amigos por algum tempo e mesmo depois de anos, as dúvidas acerca do que lhe passava na cabeça quando decidiu fazer algo tão drástico será tópico de discussão. Sua foto estará estampada em jornais e contas de luz. O frentista do posto dirá, mesmo sem lembranças definidas e confundidas pelo tempo, que ela parecia tranquila e satisfeita. Talvez estivesse aliviada, meu caro. Tirava de si toda a carga acumulada, grão a grão, de suas costas cansadas. Haverá tantas especulações, alguns dirão que ela fugiu com um antigo amor. Que tolice! Surgirá a dúvida "estará viva?" e lágrimas acompanharão. Foi culpa de Fulano que a pressionava ou de Fulano Outro que a abandonara. Não foi culpa de ninguém, e se for para haver um culpado, serão todos. Cada um que a fez refletir sobre absolutamente tudo e perceber que há sentimentos desnecessários, e que há pessoas que causam muita dor no mundo. Ela sumiu de tudo e de todos e se pudesse, construiria uma casa em cada canto do planeta. Uma vida inteira no mesmo lugar é muito tempo. 
Anos depois, saia no jornal de uma grande cidade a foto de uma mulher cujas rugas denunciavam alguma idade. Saiu para trabalhar e não voltou.