sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Sinta

Sofra, sofra bem muito
Sinta a pior dor de sua vida
Aquela que supera qualquer dente
E deixa enxaquecas no chinelo
Chore até sentir sede
Até doer o peito
Que você sinta suas costas arderem
Que sua respiração descompasse
Sinta seu sangue ferver 
Sinta raiva
Sacuda a perna freneticamente
Coma muito chocolate
Roa as unhas
Fique ansioso, muito ansioso
Procure por calmantes
Xingue
Tranque-se no quarto
Ache que o problema está em você
Angustie-se
Repita a si mesmo, você errou
Falhou
Pense que a morte não lhe parece má opção
Deseje que caia um avião na sua cabeça
Imagine sua casa inteira pegando fogo 
Pense onde conseguiria uma arma àquela hora
Reflita sobre o quão ruim sua vida está
Não coma
Não durma
Não pare de pensar na sua dor
Sinta-a. 


Mas apenas por um dia. 



quarta-feira, 28 de setembro de 2011

de olhar

Enquanto passava na rua outro dia, observei o olhar de um velho homem maltrapilho que pedia esmola em uma calçada qualquer. Seus olhos expressavam a mais pura tristeza. Desgosto e solidão, foi o que vi. 



E então, andei um pouco e vi meu reflexo em um vidro. E percebi que nos meus olhos há semelhante tristeza.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Foi a cebola

Não, não foi porque você me deu a notícia que eu esperava e não queria. Nem porque vai ser a última vez. Não foram meus ciúmes gritando que você vai conhecer gente nova e se apaixonar loucamente por alguém. Não foi o medo de que você se esqueça de mim logo na primeira semana. Não foi raiva por ter sido impotente. Não foi tristeza profunda. Sequer, rasa. Não é porque serão meses (quem sabe, mais) sem você. Não vai ser a saudade que vou sentir, seu cheiro, sua voz, seus olhos, seu beijo.  Não vai ser a falta dos dias que poderiam vir. Não foi aquela dor no peito sufocando-me. 






Foi só a cebola. 
Eu garanto
(só não me peça para jurar). 

domingo, 25 de setembro de 2011

Que te importa?

-Ele não gosta de você. Disse-me um amigo
E continuou:
-Quem gosta, se importa. 
Será que todos estes anos de euteamos foram ilusões do meu próprio ego? Todos superficiais e que serviam somente para  me enganar? 
De fato, espero que seja uma característica sua, amar pessoas sem se importar com as mesmas. 


É melhor assim, preferir acreditar no que convém. 

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Apego

Te abraço apertado
como se fosse o último
E não quero lhe soltar por nada neste mundo
Olha só pra mim
Tá batendo um desespero já
Não não, não se desfaça do meu abraço
Fica aqui
Comigo 
?

Bagunça


Não consigo organizar sequer meu quarto
E to aqui tentando organizar os sentimentos
Nada.
Tento estudar
Preciso controlar meu tempo
Organizar as ideias
Definir quem sou
Esse relógio que carrego não me é favorável
Cada dia a mais
Cada dia a menos
E o mundo não para de se movimentar freneticamente
E meu mundo está virando uma bagunça


Prazer, a personificação do caos. 

sábado, 17 de setembro de 2011

Umbigo

Havia uma sala cheia de pessoas. E você conhecia todas. Observou-as e voltou a olhar para você mesmo. Ao invés de interagirem entre si, contar uns aos outros sobre suas vidas, discutir futebol-política-religião e marca de carro, estavam elas, cada uma a observar o próprio nariz. Vesgas, todas. Você também estava lá, mesmo que não entendesse ao certo o porquê. Fechou os olhos longamente. E abriu. Pupilas dilataram-se por conta da forte iluminação. Então você percebe que aquilo não está certo, não pode estar. Você as observa. E ninguém te vê. Ninguém quer te ver. Chamou então pelos seus nomes. Pareciam não lhe ouvir. Gritou. Gritou mais. Tentou sair de onde estava. Quando tentou correr, caiu. Seus pés estavam acorrentados aos das pessoas ao seu lado. E elas não te ouviam. Não viram sua angústia. Sua dor. Ninguém te ajudou. 


Lie

Falavam mãe e filha. 
Pobre mãe, não sabe das danadisses de sua cria. 
Desconfio que prefira não saber, afinal. 
Mãe e filha usando uma linguagem tão adulta.
A progenitora certa de que não havia motivos para preocupar-se.  
Sua cria rindo descompassadamente (de certo, de nervosismo):
-Ai mamãe, que horror!
Quanta mentira essa criança guarda em si. 
Ó, quanta. 


E eu ali apenas observando a mãe enganada pela filha,
E a filha enganada pela mãe. 

domingo, 11 de setembro de 2011

Nós

É meu
E sou eu
E é você; 
Virando a gente


Não importa quantos a gente houve antes
de mim;
de você;
Este é completamente ímpar. 
Completamente nosso. 


E há motivos para continuar 
Mesmo que fosse tudo ou que fosse nada
Mesmo que tenha data para acabar.
Eu gosto e ponto. 
E gosto muito. 




sábado, 10 de setembro de 2011

Parece à primeira vista

Malditas primeiras impressões
que nos enche de expectativas
de um futuro semelhante 

Pobre engano da humanidade
esta mesma que as cria 
as ilusões. 

E ainda perguntam por que tanta desesperança. 

domingo, 4 de setembro de 2011

sábado, 3 de setembro de 2011

ignorante

O meu certo não pode ser julgado como ignorância por outros. 
Já que, ao meu ver, tal atitude pode ser ignorância também. 


Apenas pontos de vista diferentes.