segunda-feira, 30 de julho de 2012

O amor que se chora

Estávamos em um barzinho qualquer, há muito não bebíamos juntos, e você sabe o que a bebida faz as pessoas, não é? Na primeira vez que nos encontramos foi desse jeito, barzinho, algumas cervejas e tan-dãn, éramos um casal. Mas dessa vez era diferente. Quem me dera se fosse um primeiro encontro de novo, longe disso. Era uma despedida. E quem olhasse para mim sabia que aqueles olhos estavam inchados de tanto chorar. Ele continuava um tanto inexpressivo, mas eu quase não me importava mais com isso. Fazia pelo menos dois meses que me preparava para aquele momento. Chorava todos os dias que era para ver se as lágrimas secavam e eu poderia dizer adeus como quem avisa que está indo comprar um picolé na padaria. 
Em um guardanapo escrevi com uma bic azul "Já estou com saudades" e arrastei pela mesa de madeira pouco iluminada, guardanapo e caneta, até encontrar as mãos dele. Ele rabiscou e devolveu-me da mesma maneira. "Vou sentir sua falta também" e riu simpático quando eu olhei para ele após ler. Meu olho ardeu e meus planos de ser forte foram todos por água abaixo. Apenas abaixei o rosto e uma lágrima caiu. Marcou o guardanapo que eu ainda tinha em mãos. 
E nessa noite as lágrimas foram pesadas como nunca antes. 

quarta-feira, 25 de julho de 2012

_inha.

Não sei mais como estás, se continua com seus pensamentos juvenis e sonhadores, provavelmente estão amadurecidos e mantém o aspecto onírico e esperançoso. Espero que a idade tenha lhe feito bem. Para as ideias e para seu doce rosto. Cheguei a imaginar a pele que nunca toquei e os dedos que nunca entrelaçara-se. Vejo o batom que deixo na xícara de café e que jamais deixarei nos seus lábios. Eu estou realmente feliz por você estar bem. E mais ainda porque encontrou um caminho bem melhor. E é só isso. Nada vai mudar. 

segunda-feira, 23 de julho de 2012

It hurts so much...



Já passava das cinco da tarde quando você anunciava ir embora em breve. Cinema às 7, era o combinado. Deveria partir até as seis, mas estava deitado ao meu lado enquanto as vozes da televisão nos distraíam. Te olhei, senti apertar o peito e a respiração pesar. Engasguei ao pensar que demoraria tanto para vê-lo novamente. Os olhos arderam de repente, tudo fora do meu controle. Aquelas lágrimas que ameaçavam irromper. Calma, pensei. Esquece isso. 
Já estava até o nó da garganta envolta nessas correntes imaginárias que possuem uma força danada. De tão envolvida, sofria mesmo antes do necessário. Doía só de imaginar! E dói, dói no peito, onde a gente consegue colocar a mão e apontar "Aqui, mãe. Tá doendo aqui! Faz parar porque eu não aguento mais!"

E agora?

Temos um grande problema!


Socorro, 
socorro!


Temos um problema enorme!


Não existem adultos na internet!?


quarta-feira, 11 de julho de 2012

O cheiro dos livros

Voltei para a sala trazendo livros nos braços para mostrar-lhe. Havia entre os meus, um que ele me emprestou há alguns meses. 
Você precisa ler esse, ele me disse naquela época.
Olha os que eu to lendo, o seu tá aí também. Entreguei-lhe os livros que trazia comigo.
E como quem participava de um ritual, pegou cada livro com uma concentração quase religiosa, segurou firmemente, abriu e cheirou suas páginas. Um a um. 

terça-feira, 10 de julho de 2012

Flash Forward



Já havia feito muitas de suas obrigações diárias, como escovar os dentes e se alimentar conforme a dieta a qual não se recorda bem o nome, e ainda havia muitas coisas para pensar e fazer antes do entardecer.  Do café na mesa de centro, saia fumaça e o cheiro que lhe agradava tanto. Encontrava-se jogada em um sofá qualquer lendo a contracapa de um livro. Deveria lê-lo, talvez fosse dos que lhe agradassem. Leu um trecho que falava dos anos de faculdade e lembrou-se de sua época. Quando, mesmo com alguma idade, superava em maturidade as pessoas com quem estudava. Maturidade, digo por falta de melhor termo. Na verdade, ela apenas não ligava muito para essas besteiras dos pseudo-intelectuais, também conhecidos como Revolucionários de internet. Tampouco simpatizava com os outros grupinhos, nem os festeiros, nem os românticos (chegou a amar uma ou duas vezes na faculdade, mas eventualmente, preferiu ficar sozinha) , nem os estranhos. Como lera outrora em um livro, era como o Curinga de um baralho. Só conseguia manter conversas de seu agrado com os Nerds, e assim fazia.

sábado, 7 de julho de 2012

7 p.m.


Estava inquieta e irritada!
Quase derrubou o computador e sentiu uma pontada no peito quando sentiu o pé puxar o fio. O barulho dos carros lá fora, as luzes pela janela. Tudo lhe estremecia. A TV que só mostrava programas chatos e bobos. A impaciência que não a deixava parar de balançar as pernas por um segundo que fosse. Tentou respirar fundo e contar até dez. Não funcionou. Abria e fechava os olhos. Seus pensamentos lhe atormentavam. Pensou em trinta formas de solucionar toda essa agonia. Resolveu que o melhor era nada fazer. 
E ficou olhando para a TV, desinteressada.

ETC

Rapaz,

Venho por este meio lhe informar que ouvir sua voz mais cedo me deixou com as pernas bambas toda a tarde. 

Cordialmente, Ana.