sábado, 4 de agosto de 2012

Como Bárbara

Vão dizer que ela saiu para trabalhar e nunca mais voltou. Ela será assunto principal dentre família e amigos por algum tempo e mesmo depois de anos, as dúvidas acerca do que lhe passava na cabeça quando decidiu fazer algo tão drástico será tópico de discussão. Sua foto estará estampada em jornais e contas de luz. O frentista do posto dirá, mesmo sem lembranças definidas e confundidas pelo tempo, que ela parecia tranquila e satisfeita. Talvez estivesse aliviada, meu caro. Tirava de si toda a carga acumulada, grão a grão, de suas costas cansadas. Haverá tantas especulações, alguns dirão que ela fugiu com um antigo amor. Que tolice! Surgirá a dúvida "estará viva?" e lágrimas acompanharão. Foi culpa de Fulano que a pressionava ou de Fulano Outro que a abandonara. Não foi culpa de ninguém, e se for para haver um culpado, serão todos. Cada um que a fez refletir sobre absolutamente tudo e perceber que há sentimentos desnecessários, e que há pessoas que causam muita dor no mundo. Ela sumiu de tudo e de todos e se pudesse, construiria uma casa em cada canto do planeta. Uma vida inteira no mesmo lugar é muito tempo. 
Anos depois, saia no jornal de uma grande cidade a foto de uma mulher cujas rugas denunciavam alguma idade. Saiu para trabalhar e não voltou. 

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E aí?