Como o gato que chega já se esfregando o focinho frio na minha mão, sem perguntar se eu to afim de lhe fazer um carinho. Ah, gato... seu pilantra! Você vem quando lhe é conveniente, não é? Vai eu fazer carinho enquanto você estiver em um dos seus cochilos. Me olha torto e sai de perto como quem diz "não enche". Gato, gato que alimento há alguns anos, não seja ingrato. Sei que você não é meu. Mas custa ser gentil com quem lhe agrada? Abaixa essa bola que você não é lá essas coisas mais não. Há alguns anos você estava novo e magro. Agora o peso do tempo de faz dormir a maior parte do tempo e suas gorduras não te permitem mais saltos tão altos.
Ah garoto, vê se cresce! O que você tem não é todo o necessário, lhe falta muito ainda! Abaixa essa bola que você nunca foi lá essas coisas não. Tá aí se achando a última coca-cola do deserto quando a causa desse alvoroço todo está somente na minha mente. Você ser ou não o último biscoito do pacote não depende de você, depende de mim. Começou-se pelos defeitos e pelos defeitos terminará. O que você tem, de pouco é mérito seu. Pura sorte.
Vê se não esquece de passar aqui qualquer dia para buscar teu livro. Ou quem sabe eu compre outro igual e lhe mande pelos correios que é para evitar qualquer constrangimento. Ou não.
Chegou sem perguntar o que eu queria e já foi apropriando-se do meu tempo e dos meus pensamentos e quando isto tomou forma, decidiu, sozinho, que era hora de começar a ler outro livro antes de passar da página 15 deste?
Acredite quando lhe digo: este livro ainda está sendo escrito, e modéstia a parte, você vai se surpreender.
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