sábado, 20 de março de 2010

Abandono

Essa palavra está me acompanhando há algum tempo.
Quando eu era menor, tive alguns gatos. Lembro-me do Kiko, ele já veio grande, o criei por um tempo e de repente, ele não voltou pra casa. Fugiu, não sei. Ele me abandonou. Assim começam minhas lembranças sobre o assunto.
Algum tempo depois, na oitava série, enquanto meus pais divorciavam-se (daqui a pouco detalharei isso), eu assisti uma amiga me dar as costas quando eu mais precisava de forças. Doeu muito. Ser abandonada, deixada para trás, trocada, esquecida. Perder uma amizade, sentir-se tão impotente. Ver as coisas acontecendo, sem voz para gritar, sem evitar, sem se mover, apenas ver a sua vida tomar um rumo.
Simultaneamente ao fato anterior, eu vi a minha mãe me abandonar, a minha própria mãe me deixando. Em cerca de um ano, eu a vi não mais que vinte vezes. Foi muito triste. Muito triste ter que ouvir pessoas dizendo o quão minha mãe estava sendo cruel. Como se fosse culpa minha.
Há outros casos que não merecem ser citados por menor impacto, mas há.
E agora eu estou aqui, abandonada, de novo. Criar laços e vê-los sendo cortados, sem poder fazer nada, só observar.
Achar uma pessoa com quem se dê bem, com quem tenha-se uma boa convivencia, com quem sinta-se bem. Alguém para retornar no fim do dia. Construir uma algo sólido, estável demora tempos. E não ter forças para segurar firmemente essa relação. Isso é nadar, nadar, nadar e morrer na praia.

Tomara
Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho

Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...

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