sábado, 20 de março de 2010
Culpa
Basicamente, toda história da humanidade envolve um culpado e uma vítima. Mas eu sempre achei que não funcionasse assim. Hitler não foi só vilão, JK não foi só mocinho. Sempre há um momento em que os papéis invertem-se. Às vezes eu fico a pensar: se eu morresse hoje, eu seria lembrada como uma vilã ou como uma mocinha? Em vida, MJ era o pedófilo, em morte, foi o mito. É tudo tão relativo. Por que eu estou sentindo um peso tão grande? Será mesmo que foi integralmente culpa minha? Eu fiz coisas que não deveria, ou talvez, não fiz coisas essenciais. Mas só fui eu? Por que eu tenho que estar sentindo toda essa dor sozinha? Não fui eu quem começou, mas eu prolonguei. Não dei inicio ao fim, mas tentei dar um ponto final. Não há um culpado, mas parece que só eu me importo. Não sei se o problema está em mim, mas não consigo acreditar que chegou ao fim e que é hora de seguir em frente e virar essa página do livro da minha vida. Um pedaço de mim foi levado com você, preciso dele pra continuar a viver. Enquanto isso, estou empacada, estagnei, parei de viver, estou vegetando. Nos poucos momentos que sorrio, logo você brota aqui na minha mente, me trás lembranças, me faz perceber que acabou. Não quero esse pedaço seu que está em mim, ele parece um espinho, que vem e me fere quando eu to bem. Não quero viver o resto dos dias me sentindo tão culpada. O que eu quero é ter de novo o que tive um dia. Quero ter motivo pra sorrir.
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